
A suspensão temporária de Jimmy Kimmel ganhou um novo capítulo. Um grupo de acionistas da Disney, representado por organizações ligadas à defesa da democracia nos Estados Unidos, abriu uma investigação para apurar se a empresa violou seus deveres fiduciários ao ceder a pressões políticas do governo Trump.
Em 24 de setembro, a American Federation of Teachers (AFL-CIO) e a organização Repórteres Sem Fronteiras enviaram uma carta ao CEO da Disney, Bob Iger. O documento exige acesso a registros internos e comunicações relacionadas à decisão da ABC de suspender Kimmel por uma semana.
Na carta, as entidades afirmam:
“Há uma base credível para suspeitar que o Conselho e os executivos da Disney possam ter violado seus deveres fiduciários de lealdade, cuidado e boa-fé ao colocar considerações políticas ou de filiação acima dos melhores interesses da companhia e de seus acionistas.”
A suspensão de Jimmy Kimmel Live! foi anunciada em 17 de setembro, logo após o apresentador ironizar o movimento MAGA (Make America Great Again) em referência à morte do ativista conservador Charlie Kirk.
Pouco depois, Brendan Carr, presidente da FCC, alertou afiliadas da ABC sobre possíveis queixas de “distorção de notícias” caso Kimmel não fosse afastado. Aproximadamente 70 afiliadas, quase um quarto dos lares norte-americanos, tiraram o programa do ar.
No dia seguinte, o presidente Donald Trump publicou em suas redes sociais que pretendia processar a ABC, dizendo ainda: “Da última vez que fui atrás deles, me deram 16 milhões de dólares.”
Em 23 de setembro, Kimmel retornou ao ar e o episódio marcou a maior audiência da história do programa, mesmo com parte das emissoras da Sinclair e Nexstar ainda mantendo o bloqueio.
Por que os acionistas estão reagindo

A base legal da ação está na lei de Delaware, que permite esse tipo de solicitação de informações quando há suspeita de quebra de dever fiduciário. Caso seja comprovado que a Disney cedeu a pressões políticas prejudicando o valor das ações, a diretoria pode enfrentar um processo.
Durante a suspensão, as ações da Disney registraram queda de 3,3%. Apesar de uma recuperação parcial com o retorno de Kimmel, os acionistas alegam que o episódio gerou perdas financeiras e danos de imagem.
Clayton Weimers, diretor executivo da Repórteres Sem Fronteiras nos EUA, destacou que a investigação vai além do caso do apresentador:
“Apesar do retorno de Jimmy Kimmel ao late night, este caso está longe de acabar. A FCC continua ameaçando organizações de mídia por conteúdos que não lhe agradam e, no caso de Kimmel, dezenas de afiliadas ainda se recusam a exibir o programa. O público precisa saber como essas ações do governo contra a mídia aconteceram, para que possamos interromper esse ataque imprudente à Primeira Emenda antes que avance ainda mais.”
Randi Weingarten, presidente da American Federation of Teachers, reforçou o pedido de transparência:
“Os acionistas da Disney merecem saber exatamente o que aconteceu dentro da empresa após a ameaça de Brendan Carr de punir a ABC caso nenhuma ação fosse tomada contra Jimmy Kimmel. O conselho da Disney tem a responsabilidade legal de agir no melhor interesse de seus acionistas, e estamos em busca de respostas para descobrir se esse compromisso foi rompido em obediência ao governo Trump.”
Fonte: Los Angeles Times