Depois de acordo milionário com funcionárias, Disney encara nova acusação de pagar menos a mulheres

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Menos de um ano depois de fechar um acordo de 43 milhões de dólares para encerrar uma ação coletiva movida por funcionárias alegando desigualdade salarial, a Disney enfrenta uma nova acusação parecida. Agora, o processo vem de uma ex-advogada que ocupou um dos cargos mais altos no departamento jurídico da Disney Branded Television.

Alisa Clairet trabalhou por mais de 20 anos na empresa e chegou a ser chefe interina do setor jurídico. Ela afirma que foi alvo de discriminação salarial durante todo esse tempo e que, quando tentou denunciar a situação, acabou demitida em retaliação.

De acordo com o processo aberto em 15 de agosto na Suprema Corte de Los Angeles, Clairet ganhava bem menos que um colega homem que tinha as mesmas funções, experiência e qualificações.

“Desde o início de sua carreira no Disney Channel, em maio de 2005, até sua saída em outubro de 2024, Alisa Clairet foi paga substancialmente menos que seu colega homem, com quem dividia as mesmas atribuições no setor jurídico”, afirma a ação.

O documento de 12 páginas também aponta que Clairet não só recebia menos, como também assumia mais responsabilidades e produzia mais que seu colega.

“Quando ela tentou alertar a empresa sobre essa desigualdade, foi ignorada”, diz o processo.

Demissão após acordo coletivo

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Alisa Clairet

Segundo Clairet e seu advogado, Nathan M. Smith, mesmo após a empresa ser processada por um grupo de funcionárias, a situação dela não mudou.

“Mesmo depois da ação coletiva por discriminação salarial, a Disney continuou ignorando sua situação”, afirmam. Pouco depois do anúncio do acordo da ação coletiva, Clairet foi demitida.

A alegação é que a dispensa não foi coincidência, mas sim uma punição direta por ela ter buscado igualdade salarial. O processo tenta agora reparação pelos anos de discriminação.

Sete acusações na Justiça da Califórnia

Clairet acusa a Disney de violar diversas leis trabalhistas da Califórnia. Entre os pontos citados estão:

  • Violação da Lei de Equidade Salarial do estado
  • Tratamento desigual por motivo de sexo
  • Retaliação após denúncia de desigualdade salarial
  • Violação da Lei de Emprego Justo e Moradia da Califórnia
  • Falha no pagamento de verbas rescisórias
  • Práticas de concorrência desleal
  • Penalidades salariais

Um dos pontos que reforçam a acusação, segundo Clairet, é o fato de que, mesmo com o argumento de corte de custos, seu colega, que ganhava mais e tinha desempenho inferior, segundo a ação, permaneceu no cargo.

“Se o motivo da demissão era realmente corte de gastos e eficiência, então o colega com salário mais alto e menor produtividade deveria ter sido o escolhido”, afirma o documento.

Clairet ainda recebeu um pagamento de rescisão conforme o plano da empresa, mas não foi obrigada a assinar nenhum termo de confidencialidade. Isso pode fazer com que o caso fuja do caminho da arbitragem privada e siga na Justiça comum dos Estados Unidos.

Pedido de indenização

Além de buscar reparação financeira, Clairet pede reintegração ao cargo ou, caso não seja possível, um valor que cubra o que ela deixará de receber.

A ação foi apresentada poucos dias antes do prazo final para que ela optasse por não participar do acordo coletivo firmado com outras funcionárias. Esse acordo foi resultado de um processo iniciado em 2019 por LaRonda Rasmussen e Karen Moore, e encerrado no fim de 2024 com o pagamento de até 43,25 milhões de dólares.

Apesar de a indenização parecer alta, está bem abaixo dos 300 milhões estimados inicialmente pelos advogados das autoras, após a certificação da ação coletiva em dezembro de 2023.

Até o momento, a Disney não se manifestou publicamente sobre o novo processo. Também não houve resposta oficial no tribunal. Desde o dia 15 de agosto, quando Clairet entrou com a ação, o único movimento no processo foi a designação de um novo juiz: Brook T. Hammond assumiu o caso em 25 de agosto.

Com o fim do recesso de verão nos EUA, o andamento da ação pode começar a ganhar ritmo nas próximas semanas.

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