
Desde que O Diabo Veste Prada chegou aos cinemas em 2006, muita gente associa Miranda Priestly à editora-chefe da Vogue, Anna Wintour. Com seu estilo direto, exigente e pouco paciente, a personagem interpretada por Meryl Streep virou símbolo de chefes rigorosos e ambientes de trabalho intensos, especialmente no mundo da moda.
No filme, Miranda comanda a fictícia revista Runway e transforma a rotina da nova assistente Andy Sachs (Anne Hathaway) em uma sequência de tarefas absurdas e decisões impiedosas.
Por trás de tudo isso, sempre pairou a dúvida: quanto de Anna Wintour existe em Miranda Priestly?
O livro surgiu após um trabalho real na Vogue
Lauren Weisberger, autora do livro que inspirou o filme, trabalhou como assistente de Wintour na Vogue. A experiência serviu como base para o enredo, o que fez com que o público rapidamente associasse os personagens da obra à redação da revista real.
Apesar disso, Weisberger sempre negou que Miranda seja uma representação direta de sua antiga chefe. “Não escrevi uma biografia disfarçada”, afirmou em entrevistas passadas.
Mesmo assim, a coincidência entre a figura temida de Miranda e a fama de Wintour no mercado editorial alimentou comparações.
Meryl Streep também comentou sobre isso. Segundo a atriz, sua construção da personagem foi baseada em diferentes figuras de poder e não teve como foco principal Anna Wintour. Ainda assim, é difícil não enxergar conexões no comportamento, na postura e até no estilo visual das duas.
Anna Wintour minimizou o assunto, mas não ignorou

Segundo a biografia Anna: The Biography, escrita por Amy Odell e citada pela Entertainment Weekly, Wintour não pareceu se incomodar muito com o livro nem com o filme. Ela teria dito a um editor da Vogue que nem se lembrava de quem era Lauren Weisberger. Uma resposta seca, mas típica de alguém com seu perfil.
Apesar da aparente indiferença, ela compareceu à pré-estreia do filme. Segundo relato do diretor David Frankel, ela estava acompanhada da filha, Bee, e assistiu ao longa inteiro, algo raro, já que ela tinha o hábito de sair no meio de peças que não a interessavam. Em certo momento da sessão, Bee virou para a mãe e comentou: “Mãe, eles te pegaram direitinho.”
Wintour não respondeu publicamente à comparação de forma direta. Em uma entrevista ao programa 60 Minutes, resumiu o filme como “apenas entretenimento”, afirmando que não representava a realidade da revista.
Com o tempo, mostrou ter encarado o assunto com mais naturalidade. Ela chegou a participar de uma entrevista ao lado de Meryl Streep, em que brincaram sobre o papel da atriz. Streep comentou que foi “seu papel mais difícil”, e ambas levaram a conversa de maneira leve.
A personagem Miranda Priestly passou por ajustes importantes antes de ganhar a tela. Meryl Streep incluiu um momento crucial de vulnerabilidade no roteiro, permitindo que o público visse um lado mais humano da personagem. Essa decisão ajudou a tornar a chefe exigente mais interessante.
A atriz também buscou referências em figuras masculinas do cinema para criar Miranda, como Clint Eastwood, por exemplo. Essa escolha de atuação afastou ainda mais a ideia de que ela estivesse imitando diretamente Anna Wintour, apesar das comparações inevitáveis.
Um ambiente competitivo que não poupa ninguém

O Diabo Veste Prada mostrou personagens femininas em posições de poder em um ambiente corporativo marcado por competição e pressão. A história não tentou suavizar os conflitos entre elas, e mesmo os momentos de empatia não apagam o clima de disputa constante.
A personagem Andy, por exemplo, aprende a jogar o jogo corporativo, mas também questiona se vale a pena seguir esse caminho. Já Miranda representa alguém que já venceu nesse mundo, mas a um custo alto, inclusive pessoal.
Agora há uma sequência do filme em desenvolvimento, o que indica que ainda há espaço para revisitar esses dilemas e aprofundar as relações entre essas personagens.
Anna, Miranda e o imaginário popular
Mesmo que Anna Wintour não tenha sido diretamente retratada em Miranda Priestly, o filme ajudou a criar uma imagem pública da editora como alguém inacessível e poderosa. A estética do filme, os figurinos e as falas afiadas da personagem contribuíram para fortalecer essa conexão no imaginário coletivo.
Streep ajudou a tornar Miranda uma figura ainda mais conhecida, mas a sombra da comparação com Wintour continua presente. A personagem talvez não seja um retrato fiel, mas é uma construção que mistura ficção e elementos bem reais de um ambiente altamente competitivo. E por isso, segue sendo associada à figura da editora da Vogue, mesmo tantos anos depois.
O Diabo Veste Prada está disponível no Disney+. O Diabo Veste Prada 2 tem estreia marcada para 1º de maio de 2026.