O SBT decidiu encerrar a novela infantil A Caverna Encantada no dia 5 de setembro. Com quase 300 capítulos e exibição em parceria com o Disney+, a trama teve média de apenas 3 pontos na Grande São Paulo, o pior desempenho desde que a emissora retomou a produção de novelas infantis em 2012, com Carrossel. O resultado levou à antecipação do final e à suspensão temporária do núcleo de dramaturgia.
Com a pausa, parte dos profissionais foi dispensada, mas há possibilidade de recontratação em 2026. Desde junho, mais de 50 funcionários já haviam sido desligados. Agora, os cortes atingem setores como cenografia, figurino e maquiagem.
Entre os dispensados está Ariel Moshe, diretor de elenco desde Corações Feridos, com mais de 50 anos de carreira. Fontes internas afirmam que as demissões estão sendo feitas de forma escalonada para evitar problemas com sindicatos. A emissora informou que os profissionais desligados serão indicados para vagas em produtoras terceirizadas, já pensando na transição do modelo de produção.
Possíveis mudanças na programação
Ainda não foi definido o que vai substituir a faixa ocupada por A Caverna Encantada. Entre as opções estão ampliar o tempo de Chaves ou estender o jornalístico Aqui Agora, que voltou ao ar em São Paulo.
Enquanto reorganiza a programação, o canal mantém o investimento nas tramas mexicanas. À tarde, Maria do Bairro apresenta bons índices, embora permaneça na terceira colocação. Já no horário nobre, As Filhas da Senhora Garcia alterna bons e maus momentos, mas não conquista a vice-liderança isolada.
Apesar das mudanças, o SBT afirma que não vai abandonar as novelas. Entre os projetos previstos está a série nacional Quem Vai Ficar com Mamãe?, com estreia em 2026 e elenco formado por Lidi Lisboa, Joaquim Lopes e Juliano Laham.
Há negociações para coproduções com empresas como a Disney. O modelo dividiria custos e permitiria que as produções também fossem disponibilizadas no Disney+. Um formato semelhante foi adotado em A Infância de Romeu e Julieta, parceria com o Prime Video que, mesmo sem grande audiência, deu retorno financeiro positivo.
Por outro lado, A Caverna Encantada, produzida integralmente pelo SBT e licenciada para a Disney, não cobriu os custos e também não compensou com a venda de produtos, o que pesou na decisão de encerrar a produção própria.
Novos formatos e retomada de novelas de época
A emissora também avalia desenvolver sitcoms e voltar a produzir novelas de época, algo que não acontece desde Amor e Revolução, de 2011. Caso o projeto seja aprovado, o texto será de Iris Abravanel, que segue à frente da dramaturgia do canal.
A parceria com a Disney ainda não foi oficializada, mas, segundo fontes internas, é tratada como certa. Nos últimos anos, o mercado de streaming abriu novas possibilidades para as novelas brasileiras, e o SBT vê nesse caminho uma forma de ampliar a distribuição e alcançar novos públicos.
Fonte: F5 – Folha de S. Paulo