
Com mais de uma década à frente do Universo Cinematográfico da Marvel, Kevin Feige tem sido responsável por algumas das produções mais caras da história do cinema. Mas, segundo o próprio executivo revelou em entrevista à Variety, esse cenário está mudando.
A Marvel entrou em uma nova fase de contenção orçamentária, e os próximos filmes do estúdio serão mais baratos que os das fases anteriores.
Feige explicou que, após os gastos elevados da fase pós-Ultimato, impulsionados tanto pela pandemia quanto pela pressão para manter um nível alto de espetáculo visual, a equipe de produção começou a buscar alternativas para manter a qualidade com custos mais controlados.
“Começamos a reduzir os orçamentos em 2023. Os filmes lançados entre Deadpool & Wolverine e Quarteto Fantástico: Primeiros Passos estão custando até um terço a menos do que os anteriores”, afirmou.
Produções menores, mas ainda ambiciosas
Segundo Feige, a meta da Marvel não é apenas cortar gastos, mas encontrar um equilíbrio melhor entre custo e resultado. Para isso, a equipe do estúdio chegou a buscar referências em outras produções que se destacaram pelo uso eficiente de recursos.
Um dos exemplos citados foi o longa de ficção científica Resistência, lançado em 2023 e dirigido por Gareth Edwards. O filme foi elogiado por seus efeitos visuais e escopo ambicioso, mesmo com um orçamento de apenas 80 milhões de dólares.
Feige revelou que a equipe da Marvel se reuniu com os responsáveis por Resistência para entender como eles conseguiram esse resultado.
“Todo mundo está nesse mesmo momento, pelo menos na Disney. Acho que precisamos melhorar. Será que a IA vai ajudar nisso? Não sei”, comentou o presidente da Marvel Studios.
Ajustes também afetam volume de lançamentos

A contenção de gastos não está sendo feita apenas nos bastidores. Ela também se reflete diretamente na agenda de lançamentos do estúdio.
A Marvel, que chegou a lançar até quatro filmes por ano, agora pretende limitar sua produção para no máximo três longas por ano. Já no setor de séries, a ideia é ainda mais restritiva: no máximo uma série live-action por ano.
Essa redução no volume de conteúdo também faz parte do esforço para recuperar a atenção do público, que passou a demonstrar sinais de saturação após o excesso de títulos lançados entre 2020 e 2023.
De acordo com Feige, parte do desgaste veio da tentativa de “expandir demais”, o que acabou sobrecarregando a própria equipe criativa.
“Foi a primeira vez que a quantidade superou a qualidade”, admitiu.
Menos efeitos, mais criatividade

A nova fase também indica um possível retorno a soluções mais criativas. Com orçamentos mais apertados, a tendência é que os diretores e roteiristas tenham mais liberdade para criar filmes que apostem em estilos próprios, evitando depender tanto de cenas grandiosas e efeitos visuais em excesso.
Isso já se reflete na escolha dos próximos projetos. Feige mencionou que a equipe está buscando ideias que explorem novos gêneros e enfoques mais específicos, como aconteceu em Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis.
Além disso, o executivo afirmou que o processo de produção vai continuar flexível, mantendo a prática de “plussing”, um termo usado internamente para descrever melhorias feitas durante a produção, com base em ideias do elenco e da equipe criativa.
Mesmo com menos recursos, a ideia é manter esse espaço para ajustes em busca de um resultado melhor.
A contenção orçamentária faz parte de uma estratégia mais ampla de reestruturação da Marvel Studios. A empresa está ajustando seu modelo de negócios para se adequar a um cenário mais competitivo, com maior controle de custos e foco em qualidade.
Essa mudança também acompanha a expectativa de que Vingadores: Guerras Secretas, previsto para dezembro de 2027, funcione como um ponto de reinício para o MCU. A ideia é deixar para trás a complexidade acumulada pelas fases anteriores e abrir espaço para novas histórias, agora com produções mais sustentáveis tanto criativamente quanto financeiramente.