Disney leva preocupação com IA ao alto escalão do governo dos EUA

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A Disney decidiu levar diretamente ao governo dos Estados Unidos uma preocupação crescente: o uso de inteligência artificial para gerar imagens e conteúdos com seus personagens sem autorização. O CEO Bob Iger e o diretor jurídico da empresa, Horacio Gutierrez, se reuniram recentemente com autoridades da Casa Branca para tratar do assunto.

Nos últimos tempos, conteúdos gerados por inteligência artificial com personagens da Disney começaram a circular com frequência na internet. No início, pareciam apenas brincadeiras e releituras criativas feitas por fãs. Mas logo surgiram imagens de personagens como Elsa, Ariel e até Mickey Mouse em situações consideradas ofensivas ou inadequadas.

Essas criações não são feitas por artistas da Disney nem passam por qualquer tipo de controle. São produzidas por modelos de IA que aprendem a partir de materiais disponíveis na internet, incluindo cenas de filmes, animações e campanhas da empresa.

O problema é que esses conteúdos podem distorcer a imagem dos personagens e prejudicar a reputação de uma marca que aposta em produtos voltados para o público familiar.

Por que a Disney levou a questão até Washington

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De acorco com o The Wall Street Journal, Bob Iger e Horacio Gutierrez decidiram levar o assunto até a administração norte-americana porque consideram que a legislação atual não dá conta dos problemas trazidos pelo avanço da IA.

Eles argumentam que, se as empresas de tecnologia continuarem a usar livremente conteúdos protegidos por direitos autorais, empresas criativas como a Disney podem perder o controle sobre suas próprias criações.

Esse risco vai além dos filmes. Os parques temáticos da empresa, como o Walt Disney World, a Disneyland e os resorts internacionais, também dependem da confiança do público na imagem dos personagens. Se essas figuras começarem a circular em contextos deturpados, o efeito pode se espalhar por toda a experiência que a Disney oferece.

Possíveis consequências

A reunião da Disney com o governo dos Estados Unidos mostra que a discussão sobre inteligência artificial e direitos autorais está ganhando espaço. Não é apenas uma questão que envolve uma empresa. Ela pode afetar todos os artistas, estúdios e criadores que dependem da proteção legal para manter sua produção original segura.

Caso os legisladores americanos decidam agir, novas regras podem obrigar desenvolvedores de IA a pedir autorização antes de usar materiais com direitos autorais. Também é possível que sejam exigidos mecanismos que evitem o uso indevido de personagens por essas ferramentas.

Por enquanto, a Disney deixou claro que vai defender seus personagens em todas as frentes, do cinema ao ambiente digital.

Disney e Universal processam empresa de IA por uso indevido de personagens

No mês passado, Disney e Universal decidiram levar à Justiça uma acusação contra a empresa Midjourney, responsável por um gerador de imagens com inteligência artificial. Segundo os estúdios, a ferramenta estaria sendo usada para criar e distribuir imagens de personagens protegidos por direitos autorais, como Elsa, Darth Vader, Shrek e os Minions, sem qualquer autorização.

O processo foi aberto em um tribunal federal de Los Angeles. Nele, as empresas alegam que a Midjourney seguiu utilizando essas imagens mesmo após ser alertada, e que não implantou mecanismos para evitar esse tipo de uso.

Além de uma liminar para impedir a continuidade das atividades, Disney e Universal pedem uma compensação financeira. A acusação destaca que a Midjourney teria usado esse conteúdo protegido para treinar sua inteligência artificial, lucrando com um serviço baseado em obras que não criou.

A empresa já enfrentava outras ações parecidas desde 2023, envolvendo o uso de obras de artistas sem consentimento em seu banco de dados. O CEO da Midjourney, David Holz, chegou a dizer em entrevista que a coleta de imagens foi feita com uma grande varredura na internet, sem conseguir rastrear todas as fontes originais.

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