A Pixar está prestes a lançar sua primeira série animada de longa duração no Disney+, Ganhar ou Perder, no dia 19 de fevereiro de 2025. A produção acompanha a semana decisiva de um time de softball escolar, os Pickles, antes de um grande campeonato, com foco nas experiências de personagens diversos.
No entanto, uma decisão recente da Disney gerou polêmica: a remoção de uma trama que envolvia a identidade de gênero de uma personagem transgênero.
Chanel Stewart, atriz trans de 18 anos, foi escolhida em 2020 para dar voz a essa personagem. Ela lembra claramente como se sentiu ao ver o anúncio de casting:
“Eu era exatamente o que eles estavam procurando, e senti que aquilo era feito para mim. Pedi na hora para minha mãe para tentar, porque eu sabia que faria sentido.”
Stewart, que já tinha feito alguns comerciais na época, descreveu a experiência:
“Eu usei isso como um símbolo de orgulho. A ideia de representar uma adolescente trans de forma autêntica me deixava muito feliz. Queria que essa história fosse para crianças trans como eu.”
A Disney não quer mais se meter em polêmica
No entanto, a situação mudou recentemente quando Disney informou à mãe da atriz, Keisha Stewart, que a série não incluiria mais a trama transgênero.
Segundo a Disney:
“Quando se trata de conteúdo animado voltado para o público infantil, reconhecemos que muitos pais preferem abordar certos assuntos com seus filhos de acordo com seu próprio tempo e contexto.”
Comentários de Chanel e sua mãe
Para Keisha, a notícia foi um golpe difícil de aceitar:
“Minha filha é trans, e essa é a vida dela. Era muito importante que isso não fosse escondido. Talvez alguns pais não estejam prontos para essa conversa, mas essa é a realidade do mundo em que vivemos. Todos merecem ser reconhecidos, e parece apenas mais um retrocesso para a comunidade LGBTQ.”
Chanel também compartilhou sua frustração:
“Eu fiquei muito desapontada. Desde o início, fiquei animada para usar minha jornada como uma forma de ajudar outros jovens trans. Sabia que essa conversa era importante. Histórias trans importam e merecem ser ouvidas.”
Com a mudança, o papel de Chanel continua na série, mas com ajustes significativos: “Meu personagem ainda está na série, mas agora é uma garota cisgênero, uma garota cis e heterossexual. Foi isso que me explicaram.”
Mesmo assim, Chanel vê o papel como um marco importante: “Definitivamente, sou uma das primeiras meninas trans a fazer algo assim! É uma verdadeira honra fazer parte da história queer.”
Decisões anteriores da Disney
Essa decisão foi tomada há meses e se alinha a outra mudança recente: a exclusão de um episódio de Garota da Lua e o Dinossauro Demônio que também apresentava um personagem transgênero.
Nos últimos anos, a Disney tem enfrentado críticas intensas relacionadas à inclusão de personagens LGBTQ+ em suas produções.
Filmes como Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica, Mundo Estranho e Lightyear enfrentaram resistências, além de resultados decepcionantes nas bilheterias, impactados em parte pela pandemia e pelo debate cultural.
A tensão em torno dessas questões ganhou ainda mais força após a aprovação da polêmica lei da Flórida conhecida como “Don’t Say Gay” em 2022.
O ex-CEO da Disney, Bob Chapek, criticou publicamente a medida após forte pressão interna, o que gerou um grande embate político nos Estados Unidos e chamou atenção mundial para a posição da empresa.
Com o retorno de Bob Iger ao comando, a estratégia da Disney tem sido buscar um equilíbrio mais neutro, ouvindo o feedback de pais e espectadores.
Enquanto mantém o compromisso de representar personagens LGBTQ+ em produções voltadas ao público adulto, como nos estúdios Searchlight Pictures e FX, mudanças estão sendo feitas no conteúdo direcionado a crianças e famílias.
As escolhas recentes refletem ajustes estratégicos de várias empresas para acompanhar mudanças no cenário global. Com tendências oscilando em diferentes países, companhias estão buscando atrair públicos diversos sem gerar grandes divisões.
Ganhar ou Perder, que também traz Will Forte como a voz do técnico Dan, estreia no Disney+ em 19 de fevereiro de 2025.
Fonte: Deadline
