Filmes de super-heróis frequentemente atraem críticas de veteranos de Hollywood. Comentários de diretores como Martin Scorsese e Francis Ford Coppola já mostraram que, para muitos cineastas, o gênero deixa a desejar. Apesar do sucesso de bilheteria, os últimos anos trouxeram desafios para o gênero. A Marvel Studios teve alguns lançamentos que não foram bem recebidos e também alguns fracassos nas bilheterias. No DCEU, a fase final não agradou muito, e quando se trata da Sony, pior ainda.
Agora, o icônico ator Tom Hanks compartilhou sua visão sobre o crescimento e os tropeços recentes dos filmes de quadrinhos.
Para Hanks, que estrelou clássicos como Toy Story e Forrest Gump, a familiaridade com esses personagens já não provoca as mesmas emoções de antes. Segundo ele, o público espera histórias mais fortes para acompanhar as cenas de ação. E essa exigência está trazendo um desafio interessante para o gênero.
Aqui estão as palavras de Hanks:
“A questão é que estamos vivendo no auge do que essa tecnologia pode fazer. Esqueça o comércio. A situação da indústria hoje é essa. Nos anos 1970 e 80, eles tentaram fazer versões de TV do Capitão América, do Homem-Aranha e até do Batman, com o Adam West. A tecnologia não permitia que ficassem parecidos com os quadrinhos. Hoje, é possível fazer qualquer coisa. O Superman do Christopher Reeve foi o primeiro a chegar perto disso, porque a tecnologia de ponta permitiu remover os cabos. ‘Você vai acreditar que um homem pode voar’ — e, sabe, todos nós acreditamos. Foi incrível.”
“Agora temos esse luxo, podemos fazer qualquer coisa na tela. Mas o conceito é: ‘Ok, mas qual é a história?’ Sem dúvida, e já usei essa analogia antes, então desculpe, mas você pode drenar o Lago Michigan e enchê-lo de relógios cucos e formar um dragão de três cabeças que cospe fogo e destrói Chicago. Você pode fazer isso, mas para quê? Qual é o propósito disso? Qual é a história e o que isso diz sobre nós?”
Hanks também reflete sobre como esses filmes já ofereceram ao público uma espécie de espelho. “Acho que passamos um tempo, e me senti assim também, em que víamos esses filmes incríveis do DC ou do MCU para ver uma versão melhor de nós mesmos. ‘Nossa, me sinto um X-Man às vezes. Estou tão confuso quanto o Homem-Aranha. Estou tão irritado quanto o Batman e amo meu país como o Capitão América. Gostaria de ser como esses caras.’ Tivemos talvez 20, 15 anos para explorar esse tipo de coisa, e agora acho que estamos num ponto de evolução, onde a pergunta é: ‘E a história? E o tema? Qual é o propósito deste filme?'”
Ele conclui apontando o novo desafio que isso representa: “Esse é um bom desafio para qualquer cineasta, mas pode ser que não encaixe bem na lógica da indústria. A indústria pensa: ‘Bem, isso funcionou antes e vai funcionar de novo.’ Mas o público está muito à frente. Eles veem algo familiar e dizem, ‘Já vi isso. E agora?’ Não é só sobre efeitos especiais. Queremos uma história que fale sobre nós. Estamos em um novo território.”
É difícil discordar da visão de Hanks, e é exatamente esse “novo território” que estúdios como a Marvel estão tentando explorar com projetos como O Quarteto Fantástico: Primeiros Passos e Agatha Desde Sempre.
Filmes como Venom fizeram sucesso em 2018 porque trouxeram algo novo e divertido, com Tom Hardy se adaptando a compartilhar seu corpo com um alienígena. Mas, dois filmes depois, o interesse no enredo já está começando a diminuir, mostrando que o público quer mais.
Quando questionado se já conversou com Kevin Feige ou James Gunn sobre participar de um filme de super-heróis, Hanks respondeu: “Não. Acho que não estou exatamente no perfil deles. Não sou contra, mas, ao mesmo tempo… posso dizer agora que minha agenda já está bem cheia. Tenho muitos projetos que estou sonhando e tentando fazer acontecer.”
Assista à entrevista completa no vídeo abaixo.