O jornal The New York Times revelou novas informações sobre a relação conturbada entre Bob Iger e Bob Chapek, dois dos mais poderosos executivos que já passaram pela The Walt Disney Company. As revelações, publicadas em um artigo detalhado, trazem à tona as disputas de poder e tensões internas que marcaram a transição entre Iger e seu sucessor.
Bob Iger, que comandou a Disney durante anos, nomeou Bob Chapek como seu sucessor apenas duas semanas antes da eclosão da pandemia de COVID-19. A nomeação de Chapek parecia o desfecho de um processo longo e difícil.
Segundo a reportagem, Iger vinha insinuando há anos que Chapek seria o próximo CEO, mas a escolha final foi tomada somente após uma série de discussões sobre outros possíveis candidatos, como Tom Staggs e Jay Rasulo, ambos descartados por Chapek.
No entanto, mesmo após a nomeação de Bob Chapek, Iger não se afastou totalmente das decisões da empresa. Iger manteve o controle das divisões criativas e continuou a supervisionar as principais decisões, enquanto Chapek lidava com os aspectos operacionais.
Durante o período em que Bob Chapek assumiu o cargo de CEO da Disney, algumas de suas decisões acabaram minando a confiança de Bob Iger. Iger, que havia passado o bastão a Chapek, viu algumas escolhas estratégicas do novo CEO como problemáticas, principalmente no que dizia respeito à imagem pública da Disney. Isso marcou o início de uma série de conflitos entre os dois, gerando tensões que foram além do que era esperado de uma simples transição de poder.
De acordo com o The New York Times, Iger começou a agir nos bastidores, utilizando sua influência para reduzir o poder de Chapek dentro da empresa. Mesmo fora do cargo principal, o nome de Iger ainda exercia enorme peso no conglomerado, e ele teria interferido em algumas decisões estratégicas que, na prática, diminuíram a autoridade de Chapek. Quando Chapek descobriu as ações de Iger, a reação foi imediata e negativa.
Sentindo-se isolado, Chapek teria ligado para a chefe de comunicações da Disney, buscando entender o que estava acontecendo. Durante essa conversa, ele teria desabafado, referindo-se a Iger como um “assassino” e afirmando que o ex-CEO estava “matando-o” profissionalmente. A partir desse ponto, as tensões entre os dois aumentaram consideravelmente.
A situação entre Iger e Chapek escalou a tal ponto que os dois teriam protagonizado uma discussão acalorada por telefone. O confronto, repleto de ofensas de ambos os lados, transformou-se em uma verdadeira briga de poder, e, após essa conversa, os dois nunca mais se falaram.
Essa briga interna, que deveria ser uma transição controlada de liderança, acabou dividindo a empresa ao longo dos meses que se seguiram.
Tensão durante a pandemia
Durante a pandemia, Iger tomou a decisão unilateral de fechar os parques temáticos da Disney, sem a presença de Chapek nas discussões.
Esse incidente marcou o início de um período de crescente tensão entre os dois executivos, com Iger tomando decisões críticas que minavam a autoridade de Chapek como CEO.
A controvérsia em torno do projeto de lei “Don’t Say Gay”
Em 2022, a tensão atingiu seu ápice com a controvérsia envolvendo o Projeto de Lei apelidado de “Don’t Say Gay”, na Flórida. Chapek foi criticado por sua demora em se posicionar contra o projeto, enquanto Iger rapidamente manifestou sua opinião publicamente.
Esse episódio ampliou as críticas ao comando de Chapek, tanto de fãs quanto de funcionários da Disney, e intensificou o conflito entre os dois líderes.
A escalada das disputas culminou na demissão de Bob Chapek em novembro de 2022, pouco antes do feriado de Ação de Graças. O controle de Iger sobre a empresa foi reestabelecido, encerrando definitivamente o turbulento período de Chapek no comando da Disney.