Em julho, informações internas da Disney foram expostas após um ataque cibernético realizado por um grupo de hackers, que invadiu o Slack interno da empresa. O incidente resultou no vazamento de mais de um terabyte de dados, incluindo cerca de 10 mil canais de mensagens e arquivos da empresa. Esses dados incluíam informações financeiras, estratégias de mercado e até mesmo detalhes de login para a infraestrutura em nuvem da Disney.
De acordo com apuração do Wall Street Journal sobre os dados vazados, o serviço de streaming Disney+ gerou mais de US$ 2,4 bilhões em receita durante o segundo trimestre deste ano. Esses números indicam que o Disney+ foi responsável por cerca de 43% da receita total do segmento de negócios diretos ao consumidor da empresa, que também inclui o Hulu e o ESPN+, ambos disponíveis apenas nos Estados Unidos.
Embora a Disney nunca tenha detalhado publicamente a receita individual de cada uma de suas plataformas de streaming em seus relatórios financeiros trimestrais, esses dados revelam a relevância do Disney+ dentro do conglomerado. No entanto, apesar dos números expressivos, o Disney+ ainda está bem abaixo da Netflix, que arrecadou mais de US$ 9 bilhões no mesmo período.
Importância do Hulu nos EUA
Os dados também destacam a importância do Hulu para a estratégia da Disney. Mesmo sendo um serviço disponível apenas nos Estados Unidos, o Hulu tem sido uma das principais fontes de receita da divisão de streaming, especialmente devido à alta adesão ao plano com suporte a anúncios.
Com aproximadamente o mesmo número de assinantes do Disney+ nos EUA, o Hulu consegue gerar mais receita através da publicidade.
Além disso, a Disney está em fase final de compra da participação de 33% da Comcast no Hulu, conforme estipulado no acordo firmado entre as empresas em 2019. Com a conclusão dessa aquisição, a expectativa é que a Disney integre o Hulu ao Disney+, semelhante ao modelo utilizado fora dos Estados Unidos, visando otimizar os custos operacionais.
Desde 2019, a Disney anunciou seu plano de tornar o negócio de streaming lucrativo até 2024. Nos últimos meses, a empresa adotou uma postura mais agressiva para atingir esse objetivo, reduzindo a produção de conteúdo original, removendo títulos menos populares e realizando demissões em massa. Além disso, a empresa implementou aumentos nos preços das assinaturas e lançou um plano com suporte a anúncios para o Disney+ em várias regiões.
Os dados vazados, embora não totalmente confirmados, indicam que a Disney está ajustando sua estratégia para enfrentar os desafios do mercado de streaming e a concorrência com gigantes como a Netflix.
Em comunicado ao Wall Street Journal, a empresa declarou: “Recusamos comentar sobre informações não verificadas que o Wall Street Journal supostamente obteve como resultado de uma atividade ilegal de um mau ator”.
Essa resposta mostra que a Disney está cautelosa em relação à validade e à origem dos dados vazados, mas os números destacam as dificuldades que a empresa enfrenta no competitivo setor de streaming.